segunda-feira, 25 de março de 2019

Sinestesia


A relação entre Ciência e Literatura


            Ver a cor da música, das letras do alfabeto.
Sentir o sabor das palavras, das imagens.

   Estas são apenas algumas das variadas sensações que um indivíduo que sofre de sinestesia pode experienciar.
   Além de ser um recurso expressivo no qual se associam, numa mesma expressão, sensações captadas por sentidos distintos, a sinestesia é uma condição que afeta cerca de 4% da população mundial e que consiste numa “mistura” da informação sensorial adquirida pelos diferentes órgãos sensoriais.

Porque é que a sinestesia existe?

   Durante o nosso desenvolvimento infantil, as áreas sensoriais do cérebro que controlam a visão, o paladar, o tato, a audição e o olfato encontram-se muito próximas, chegando mesmo a sobreporem-se, o que implica uma maior dificuldade em distinguir e separar os estímulos sensoriais dentro destas cinco categorias.
   Conforme vamos entrando na idade adulta, estas áreas vão sendo sucessivamente individualizadas e “diferenciadas” – situação que, de alguma forma, é impedida nas pessoas com sinestesia e que se crê ser uma condição hereditária.

   E não existe apenas um “tipo” de sinestesia, mas sim muitos, que dependem da associação entre os diferentes sentidos.
   A mais comum é a sinestesia grafema-cor, na qual se associam cores a letras e números.
   Um “A” vermelho, um “2” verde, um”W” azul, um “81” preto.
   Tudo varia de pessoa para pessoa, mesmo dentro do mesmo “tipo” de sinestesia.
   Outras “variantes” de sinestesia compreendem a lexical-gustativa (palavras – paladar), na qual, por exemplo, um indivíduo pode sentir o sabor de morangos ao pensar na palavra “borracha”, a sinestesia visual-gustativa, semelhante à anterior, mas associando o paladar às imagens (sentir o sabor de chocolate holandês perante a imagem de um fonógrafo), a sinestesia de sequência espacial (visualização dos números no espaço com diferentes feitios) e muitas outras (cerca de 60), que se combinam e recombinam das mais variadas maneiras.
  
   Assim, a sinestesia permite aos “sinestetas” experienciarem o mundo de formas peculiares, muitas vezes não se apercebendo de que o fazem!

            Conhecer o sabor do “amor”, do “calor” e da “verdade”.
            Ouvir o som do pôr-do-sol ou de uma noite estrelada.
            Ver a cor do riso, do choro e da música.
            Sentir tudo e mais alguma coisa!

         Inês Serra, nº11, 12ºA
Diário de Leitura – Português
Baseado no artigo:
AA, (2018, julho). O que é a sinestesia?.QUERO SABER, nº93, p.022