A relação entre Ciência e Literatura
Ver a
cor da música, das letras do alfabeto.
Sentir o sabor das palavras, das
imagens.
Estas são
apenas algumas das variadas sensações que um indivíduo que sofre de sinestesia
pode experienciar.
Além de ser
um recurso expressivo no qual se associam, numa mesma expressão, sensações
captadas por sentidos distintos, a sinestesia é uma condição que afeta cerca de
4% da população mundial e que consiste numa “mistura” da informação sensorial
adquirida pelos diferentes órgãos sensoriais.
Porque é que a sinestesia existe?
Durante o
nosso desenvolvimento infantil, as áreas sensoriais do cérebro que controlam a
visão, o paladar, o tato, a audição e o olfato encontram-se muito próximas,
chegando mesmo a sobreporem-se, o que implica uma maior dificuldade em
distinguir e separar os estímulos sensoriais dentro destas cinco categorias.
Conforme
vamos entrando na idade adulta, estas áreas vão sendo sucessivamente individualizadas
e “diferenciadas” – situação que, de alguma forma, é impedida nas pessoas com
sinestesia e que se crê ser uma condição hereditária.
E não existe
apenas um “tipo” de sinestesia, mas sim muitos, que dependem da associação
entre os diferentes sentidos.
A mais comum
é a sinestesia grafema-cor, na qual se associam cores a letras e números.
Um “A”
vermelho, um “2” verde, um”W” azul, um “81” preto.
Tudo varia de
pessoa para pessoa, mesmo dentro do mesmo “tipo” de sinestesia.
Outras “variantes”
de sinestesia compreendem a lexical-gustativa (palavras – paladar), na qual,
por exemplo, um indivíduo pode sentir o sabor de morangos ao pensar na palavra
“borracha”, a sinestesia visual-gustativa, semelhante à anterior, mas
associando o paladar às imagens (sentir o sabor de chocolate holandês perante a
imagem de um fonógrafo), a sinestesia de sequência espacial (visualização dos
números no espaço com diferentes feitios) e muitas outras (cerca de 60), que se
combinam e recombinam das mais variadas maneiras.
Assim, a sinestesia
permite aos “sinestetas” experienciarem o mundo de formas peculiares, muitas
vezes não se apercebendo de que o fazem!
Conhecer
o sabor do “amor”, do “calor” e da “verdade”.
Ouvir
o som do pôr-do-sol ou de uma noite estrelada.
Ver a
cor do riso, do choro e da música.
Sentir
tudo e mais alguma coisa!
Inês Serra, nº11,
12ºA
Diário de Leitura –
Português
Baseado no artigo:
AA, (2018, julho). O que
é a sinestesia?.QUERO SABER, nº93,
p.022
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